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sábado, 29 de outubro de 2011

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É estranho finalmente esperar para sentir o vento entre os dedos nos domingos agora tão vazios. As horas matinais que eram empenhadas em prol da arte se acumula no descanso do corpo e da mente. É automático o reverso da vida? Retrocesso o manifesto da minha partida? É fato que me doeu mais abandonar a gravata. Não por haver mais grandeza aqui ou ali, mas por saber que ainda falta uma longa jornada pela frente com o que chamo de minha obra. Sensação estranha no ar. Muito estranha.

sábado, 22 de outubro de 2011

Fim do espetáculo...


É o fim do espetáculo, cessa o ruflar dos tambores. No corpo somente o suor e o cansaço. Na mente e no peito a saudade que aumenta violentamente, dia após dia. A camisa amarrotada, a gravata folgada, tudo encaixotado, e eu olho para o palco. Esta sempre escuro nessa ocasião e mesmo assim insisto nas lentes enegrecidas do meu companheiro Wayfarer. Por onde andarei? A sensação de despedida me consome de maneira progressiva e incessante. O cheiro de uma nova cavalgada me entorpece e mantém as idéias mais ou menos no lugar. Penso na semana que virá, na sexta-feira encerro o que talvez tenha sido uma das maiores oportunidades já vividas no campo lúdico dos meus dias. Tudo conquistado única e exclusivamente por competência e muito trabalho. Laços de amizade se formaram, é claro, mas em se tratando destes companheiros, bem sei que somente isso não seria o suficiente para me incluir nesse vôo tão alto.Os olhos pesam, o rosto se inunda de um gosto salgado, imagino como será então com a minha obra. Um lado do juízo enxerga através de um ótica que percebe um passo para frente; do outro lado enxerga um passo para trás. O fato é que a necessidade fala mais alto. O ímpeto de ser o que escolhi ser me envolve e preciso abraçá-lo e entender que este é o momento. Preciso fluir, preciso voar. Eu deixo de lado os holofotes, os palcos e afins, por enquanto será assim. Não é o fim. Não precisa ser. Não será.     

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Boa Sorte.

Eu estive esperando por um trem.Um trem desgovernado ... sim, eu sempre soube.Há tempos que o maquinista anunciou a sua chegada.E eu estive de costas, eu o ignorava, sentado ali na estação vazia.Antes do tudo ou nada de tudo fiz um pouco. Era eu o dono do mundo, quem soube de tudo, um barco contra a maré sempre a remar. Ah, meu antigo amor, minha maior virtude, uma virada de rosto bastou para avistar o trem de bem longe. Tanto tempo ali, sentado naquele banco de ferro pintado, o branco da tinta se dissolvia de velha e encontrava com a cor preta do ferro tão gasto; era bonito. Respirei fundo, o coração batia mais rápido,ao meu lado a silhueta de um homem sem cabelos, contra a luz no horizonte. Ele trazia uma lata em sua mão, o braço duro, rígido, nem girava...era uma lata de tinta, branca tinta. Virou-se para mim com um sorriso faceiro, fez uma piada descontraída me convidou a viver outra vida e se pôs a pintar o banco, que contradição. Reluzia ali um novo banco, sem a cor envelhecida e preta do ferro. Suspirei bem fundo, eu não me incomodava; ouvi às minhas costas o som da locomotiva, o som era diferente, não parecia que ela ia parar.Assustei-me ao ver que ela havia descarrilhado, de tão próximo que estava fui puxado por uma mão desconhecida para o vagão suicida. O trem seguia então para um enseada, e lá ele cairia. Como um passe de mágica ele encontrou o seu caminho, pela janela avistei ainda o pintor sem cabelos extender o braço, acenar e esboçar algo parecido com um sorriso..."Boa sorte" ele dizia a plenos pulmões, apenas "Boa Sorte".

sábado, 15 de outubro de 2011

Bifurcação

A estrada mostrou-se longa desde o início, sempre ou quase sempre tortuosa. Caminhava sobre ela como quem se sente o tempo inteiro vigiado, controlado. No meio do percurso ela se bifurcava. Ora que decisão mais ingrata. Tão cedo e ter que escolher apenas um único caminho. Tornei-me naquele momento um gigante, olhei para frente e com a impáfia de quem desafia a divindade e com largos passos passei a caminhar com uma perna em cada estrada da bifurcação.Era possível. Quanto mais eu andava mais as estradas se afastavam, mais difícil ficava se equilibrar em pé. O mundo ruiu. Caí de lá de cima esatelado ao chão com as pernas esticadas quase num ângulo de 180 graus. Era o fim. Duas estradas se encontravam novamente ao meu lado; à minha esquerda a estrada era preta mas não brilhava mais como em outrora, à minha direita era branca, viva, esplendorosa e aparentemente cheia de novidades. Qual escolher, visto que a distância entre ambas impedia que se caminhasse sobre as duas simultaneamente? Fiz a escolha e levo comigo no peito a esperança de um dia elas se encontrarem novamente. Por hora, adeus...