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segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Filho do Fogo

Sinto em dizer que nada a fazer é motivo pra pensar
Sinto em me ver como uma engrenagem de relógio caro, sempre a funcionar
É com uma dor no peito que te conto sem jeito que sai mais caro pra ti, ao invés de me denegrir, me elogiar
Sou eu assim um ser difícil que morre pelo seu vício, o de querer sempre reinar
Em pouco tempo te conto e te mostro muito do que forma o meu mundo
Ao mesmo tempo percebo o quanto falta de lá do fundo
É com muita dor e agonia que eu ouço as suas críticas lacivas
Mas a felicidade que fico é ANOS LUZ mais perigosa quando ouço um elogio

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

7 dias

       Saudações à nação musicista. Disserto eu, aqui, sobre a inexorável estadia de música deletéria que diz-se ser a verdadeira obra prima tupiniquim. Não crucificarei as grandes figuras que protagonizam a banalização do veículo musical; ao menos em parte. Venho aqui prestar indignação contra as mentes dançantes impregnadas por esse Belmarquismo sem “pé nem cabeça”; elas estão levando a grande ilha de Vera à irreversível falência sonora. A infestação das ruas nos dias que antecedem a quaresma dar-se pelo profano, juntam-se todos e louvam tamanha grandiosidade sem pudores nem horrores, todos têm direito a tudo, varia de um delicioso murro na cara ao mais tenebroso beijo; será mesmo a musicalidade que gera esse tropismo? Pés, mãos, braços e pernas, bocas, todos juntos em seu brilhantismo perfeito fazendo nascer daqueles gigantescos carros alegóricos a marcha que inicia a espalhafatosa caminhada, incessante, exagerada, desejada, esperada. Eles preferiam não estar ali, mas a cólera que chega e invade cada criatura que pula incansavelmente os mantém onde estão. Porque fazer do ouro latão e do latão ouro? Até mesmo os próprios criadores desse sistema único de agregação de massa e disseminação de volátil felicidade duvidam de sua própria qualidade. Duvidam não, têm certeza da “não-qualidade” de seu produto – apostam todas as suas fichas num sistema vicioso de idiotização daquele seu público tão vasto, medíocre. É criada então uma corja de completos irracionais, filhos de ninguém, sem dono, irreverentes, alucinados, alcoólicos, desapegados, violentos, desgarrados, ouvintes da “boa” música. Destrói-se aos poucos o poder cultural de uma nação tão promissora, terra de cantos, encantos e bossa nova, terra de Chicos, Caetanos e Luiz, terra de Vinícius e de Jobins. Tudo isso em sete dias. E no sétimo dia dar-se início a um novo ciclo, um vício. Como câncer, alastra seu teor maligno e condenador pelas adjacências. Fadado está o enfermo. Como câncer, ainda não tem cura. 

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Venenosa

Refém de uma intimidade pouco íntima
Da sua vontade um tanto fingida
Desse seu jeito de se encostar
Olho pra você de uma forma meio vazia
Sinto sua atitude fria se tornar de um calor primoroso

Não sei se o bem me quer ou se o mal tem feito o seu papel
Não sei o que é julgar, pois fui fisgado pelo teu mel
Pouco sei realmente da vida
E o que verdadeiramente acontece ninguém sabe

Vejo o bico que você faz com a boca
Com jeito de menina dengosa
Mas sinto na sua prosa um gosto um tanto ruim
Muito pior são os rumores, sempre tão cheios de “amores”, que colocam em você por aí

O dengo se torna uma droga e o gosto passa a fazer sentido
A garota dengosa destila em sua prosa seu doce veneno

É estranho sentir o corpo encostar
Beber um pouco do suor que escorre pescoço abaixo
E logo após trocar um olhar e sentir coisas que não sei onde acho
Perdido no deserto da minha consciência vazia

Por fim passo então a delirar, tentando arquitetar como seria o futuro
Mesmo após tantos avisos, o peito como um desavisado, dispara contra a corrente
A falta passa a ser rotineira,  o cheiro se entranha em todos os lugares
Sou eu um viciado no seu doce veneno