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quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Negligência



Entenda a dinâmica da sua derrota. Falhamos no sentido de sermos imperativamente necessários. Falhamos quando penso que sempre faríamos a diferença. O remédio para esta doença não é médico, tão pouco uns simples comprimidos. Ungüentos placebos também nada farão. Simplório é assumir a nossa derrota. A ignorância é negligente; a total ignorância é negligente. Nesta madrugada jazeram duas almas com cheiro de colônia ... Colônia infantil. Levaram pela porta os espíritos que abrigavam aquelas couraças queimadas. A matriz, vestida como se fosse pagodear, sambava na porta do nosocômio; se quer passava por sua cabeça o porque de um ser tão pequeno estar ali deitado a espera do anjo negro. Tão pouco pesava para ela se o fogo que tomou a sua casa, e destruiu a integridade de suas duas crianças era culpa de alguém. É mais fácil acreditar que foi algo espiritual. E lá se vão mais duas almas pueris, cheias de vida, cheias de futuro. Para quê trazê-las ao mundo? Para quê trazê-las ao mundo?

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Tic-Tac

Gira o ponteiro do relógio, uma pontada de ansiedade se mistura com medo, cada segundo escuto a caminhada do ponteiro rumo ao número 12 e vejo a sua passagem com ainda mais aflição. A cabeça se preenche de dúvidas, o peito entra num rompante acelerado. O tic-tac do relógio faz um som ensurdecedor; a aflição é tão grande que tal qual o Capitão Gancho, amedronto-me como quem teme um crocodilo. Rebobino o filme deste ano que passou e tento enxergar as minhas falhas e tropeços. Isso é sempre difícil. O que teria mudado neste ano? Talvez nada. Talvez tudo. Sempre um talvez. O certo é que não estive parado a espera do sucesso fácil e tranqulizador. A batalha foi e tem sido árdua; talvez a minha carapaça que não seja lá tão rígida, tão resistente. Talvez eu não sirva para este tipo de guerra. Chegamos à reta final. Empunho as minhas armas de peito aberto! Vou em frente. E o relógio? Trago-o junto comigo para me lembrar de que o tempo é e quase sempre será meu inimigo. 

sábado, 12 de maio de 2012

Ela é só especial...


Enfadonho de mim começar por aqui falando de maternidade. Quem sou eu para ditar a qualidade de tão belo e puro ato de simplesmente ser. Ser mãe é puro, é tudo, é algo raro de ser em sua total plenitude. De todo momento, fez-se esse ocasião maior, pois de todos os dias do ano, configurou-se como seu, mãe, mãezinha, o dia da dona do meu ser. Até pensei, até mesmo pestanejei em tentar contemplar-lhe com uma lembrança fugaz, mas sempre que lembro daquele momento, penso em mim mesmo no total alento de escolher-lhe digno presente. Se de mim para ti sou eu o mais puro gracejo, digo-lhe que de mim mereceis mil e um exemplares ou até mais, pois de importância maior fostes a sua existência. Minha pequena morena, tão duradoura e presente criança, sou eu um eterno adorador da sua esperança por dias sempre tão plenos. Resta a mim o fio da sua crença e da sua sabedoria, porque no meu saber tão burro esqueci que és mãe e sabeis bem mais que este infeliz ser.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Anda chovendo em seu Juazeiro ...


Então só restaram as facas. É com pesar que concretizo este pensamento em meu juízo imperfeito. Faço deste texto a lamúria de um sujeito que não pode aparecer, porque cresceu. Guardo comigo o desespero de uma criança com o dissolver da família. A tão importante família. Papo furado. Do que adianta fazer das tripas coração para se ter fezes nas mãos? Para quê tanto se esforçar, se esvair, se consumir, se nada nunca é suficiente. Então este é o legado. O retrato de um sujeito alicerçado, bem quisto, estudado e invejado. O retrato que guarda uma alma sombria, desprovida de qualquer demonstração de afeto, mas é apenas um retrato. Você que o vê de fora percebe apenas o sorriso. Tenho pena da pequena morena, tão singela, mas tão plena que de tanto tempo ali tornou-se minguante. Se escondeu num arcabouço bojudo, um ser desnudo de qualquer maior interesse. Agora, como prole indeferida, levanto a minha até então minguante voz e chamo a vossa pequenez à luta. Levanta-se junto comigo, estava escrito, aqui em mim, serei naturalmente seu ombro amigo, não tenha medo de dizer não. Ainda te digo mais, minha velha senhora: digo-lhe que não precisa da sorte, pois no fundo de vidro mora em ti aquela morena forte que um dia foi para si.

domingo, 25 de março de 2012

Desagradável é o senhor Idelfonso

O mundo andou girando muito rápido durante um tempo. Ele se esqueceu de lembrar de levar senhor Idelfonso consigo. Por isso que ele vive em alfa; pergunto-me todos os dias quando passamos a ser tão desinteressantes?! O que foi que fizemos nós para merecer tanto desprezo e essa soberania descabida e sempre correta deste indivíduo tão singular. Do alto do morro aonde vive ele reina os seus dias isentos da verdade alheia, o mundo perfeito onde ele está sempre certo e o que ele pensa é tão óbvio que está logo adiante dos olhos de qualquer um, e qualquer um é no mínimo imbecil por não enxergar. Dentre os seus jargões aquele que começa com "eu tenho a impressão..." impera com o traquejo de um ditador. Sempre assim meio de soslaio finge que nada, simplesmente nada está correto quando não é de seu conhecimento. A sabedoria popular que traz consigo é bagagem pesada, de fato, contudo é preciso acertar que não é unânime, afinal os "cabra da capitá" muito contribuíram para a evolução dos nossos dias. É importante também lembrar que não adianta argumentar de maneira embasada e concisa, por que além de não ouvir, quando resolve ouvir ele é o rei da má interpretação. Começa a deferir golpes com a língua dizendo que não acredita como pessoas letradas são capazes de pensamentos tão patéticos, mesmo não tendo sido se quer citado qualquer destes pensamentos. É duro mas ele é assim. Ele vive em alfa. Será mesmo impossível meu caro senhor Idelfonso que algum dia nos deixe de tratar com tanto desprezo? Seremos tão pequenos assim? Merecedores de tamanha indiferença? Perto dele sentir-me um asno é uma façanha rara, pois um asno é um ser dotado de sistema nervoso. Algo inferior a um ser unicelular seria mais propriamente colocado à minha pessoa. As vezes coloca em sua cabeça a idéia fixa de certas modernidades irão acabar com tudo e com todos e fecha a sua consciência para os arredores: é Pá-Pum - aquilo não presta e ponto final. Após isso ele sai por aí encaixando fervorosas opiniões sobre o assunto em momentos descabidos. Nós moramos no univeso da superficialidade. A nossa vida é nada mais nada menos do que o cúmulo do Supérfluo. Desculpe senhor Idelfonso, eu....digo, nós até tentamos, mas nada absolutamente nada é magnânimo quando se é obrigado à conviver com sua desagradável presença.

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Um milhão de pensamentos por segundo.

Explode a bolha da discórdia. Os erros e insistência se misturam em meio as idéias que se acumulam no juízo. Juízo esse que vive atordoado pela cólera e o ímpeto de querer perpetuar mudanças. Difícil entender as próprias mazelas, contudo fácil, bem fácil de apontar-lhe o indicador teso e condenativo. Sentir-se um indivíduo vazio para muitos seria um corriqueiro melodrama daqueles que se auto-intitulam portadores de alma de artista; garante-se com a análise e observação dos arredores, no entanto, que poucos são aqueles que se preocupam com o monstro que vive dentro de si. Quantas pessoas sabem realmente qual a sua essência? Quantos chegam aos 30, 40, 50 e se vêm naquela tão explorada crise de identidade amplamente abordada nos diversos veículos difusores de cultura como o cinema, as artes plásticas, a música e tantos outros. A abstrata atitude de anestesiar-se na vida adulta, destruir arestas de sinceridade, opiniões fervorosas, gênios indomáveis, o ímpeto de diferenciar-se alastra-se como uma doença pelos arredores. Chegar aos 50 e pensar: "poxa eu era um bom tocador de violão" ou quem sabe "como eu jogava bola naquela época" é corriqueiro. Tais frases são ouvidas nas mesas admnistrativas ou hospitalares, nos fóruns e burocráticos escritórios. Colegas que transcendem este pensamento são vistos como indivíduos "desocupados" ou "que pararam no tempo". Nossa sociedade está perdida se essa onda dos anestesiados invadir os setores que mais necessitam de cabeças atordoadas, cabeças que pensam exageradamente sobre tudo o tempo todo. O setor de invenções. Qualquer que seja a natureza da criação. Por último e ainda mais importante, uma fatia da sociedade que não sei se posso denominá-la de setor: as lideranças. O mundo condena aqueles que destoam da conformista e "mesmística" visão, mas é fato que quando estes ascendem, o mundo fica pequeno para as suas aspirações e conquistas. É até engraçado observar a dinâmica da ascenção destas figuras ao poder, pois aquilo que era estranho se torna corriqueiro, aquilo que era abominável se torna de todos e passa a ser "cool", passa a ser interessante. Eles passam de estranhos e excluídos para indivíduos que angariam seguidores. Então o que se segue é a aceitação ampla daqueles que sempre discordaram única e exclusivamente por alienação e massificação da qual é, e sempre será refém, enquanto não se enxergar.