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terça-feira, 18 de outubro de 2011

Boa Sorte.

Eu estive esperando por um trem.Um trem desgovernado ... sim, eu sempre soube.Há tempos que o maquinista anunciou a sua chegada.E eu estive de costas, eu o ignorava, sentado ali na estação vazia.Antes do tudo ou nada de tudo fiz um pouco. Era eu o dono do mundo, quem soube de tudo, um barco contra a maré sempre a remar. Ah, meu antigo amor, minha maior virtude, uma virada de rosto bastou para avistar o trem de bem longe. Tanto tempo ali, sentado naquele banco de ferro pintado, o branco da tinta se dissolvia de velha e encontrava com a cor preta do ferro tão gasto; era bonito. Respirei fundo, o coração batia mais rápido,ao meu lado a silhueta de um homem sem cabelos, contra a luz no horizonte. Ele trazia uma lata em sua mão, o braço duro, rígido, nem girava...era uma lata de tinta, branca tinta. Virou-se para mim com um sorriso faceiro, fez uma piada descontraída me convidou a viver outra vida e se pôs a pintar o banco, que contradição. Reluzia ali um novo banco, sem a cor envelhecida e preta do ferro. Suspirei bem fundo, eu não me incomodava; ouvi às minhas costas o som da locomotiva, o som era diferente, não parecia que ela ia parar.Assustei-me ao ver que ela havia descarrilhado, de tão próximo que estava fui puxado por uma mão desconhecida para o vagão suicida. O trem seguia então para um enseada, e lá ele cairia. Como um passe de mágica ele encontrou o seu caminho, pela janela avistei ainda o pintor sem cabelos extender o braço, acenar e esboçar algo parecido com um sorriso..."Boa sorte" ele dizia a plenos pulmões, apenas "Boa Sorte".

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