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domingo, 13 de novembro de 2011

Chegada e Partida


1, 2, 3, 4, era a contagem do fim que ali se ouvia. Pela porta rondava a morte, cadela sarnenta, criatura faminta, os beiços já se aguavam de prazer como a lambuzar-se com uma apetitosa refeição. Um último suspiro, e o ruído unissonante, o desespero que em único segundo se torna alívio, e tudo seca, o peito já não vibra, a escuridão consome...a luz se esvai. Todos se calaram naquele momento. Olhares se entreolham e a mudez momentânea invade o salão naquele momento. Não fora a primeira vez. Nem mesmo a segunda. O fato é que ali os olhos já estavam acostumados com toda a melancolia. Naquele mesmo recinto, ao máximo volume ouviam-se gritos, dolorosos gritos, desesperados gritos; mudos. O pescoço rígido, jugulares tesas, era o esforço vão daquele ser só. Era a garganta suspirando um grito, eram as entranhas que empurravam o ar que não conseguia sair, não se ouvia a voz da pobre mulher. Desesperado grito que se percebia mudo pela força que se esvaia. Tudo se movia naquela sala. Pernas e braços agitados se moviam sempre brancos ao encontro de tudo e todos que ali estavam. Mãos de borracha, também brancas, que puxavam e apertavam e tremiam rapidamente se reuniam em prol de um único ser. Fosse pela vinda, fosse pela ida, estavam sempre ali, atentas, a espreita da ação imediata, do cumprimento do dever. Naquele mesmo lugar, onde a morte cravava os seus dizeres em mais um Epitáfio, rondava também a vida. O despertar.  

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