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quinta-feira, 7 de outubro de 2010

7 dias

       Saudações à nação musicista. Disserto eu, aqui, sobre a inexorável estadia de música deletéria que diz-se ser a verdadeira obra prima tupiniquim. Não crucificarei as grandes figuras que protagonizam a banalização do veículo musical; ao menos em parte. Venho aqui prestar indignação contra as mentes dançantes impregnadas por esse Belmarquismo sem “pé nem cabeça”; elas estão levando a grande ilha de Vera à irreversível falência sonora. A infestação das ruas nos dias que antecedem a quaresma dar-se pelo profano, juntam-se todos e louvam tamanha grandiosidade sem pudores nem horrores, todos têm direito a tudo, varia de um delicioso murro na cara ao mais tenebroso beijo; será mesmo a musicalidade que gera esse tropismo? Pés, mãos, braços e pernas, bocas, todos juntos em seu brilhantismo perfeito fazendo nascer daqueles gigantescos carros alegóricos a marcha que inicia a espalhafatosa caminhada, incessante, exagerada, desejada, esperada. Eles preferiam não estar ali, mas a cólera que chega e invade cada criatura que pula incansavelmente os mantém onde estão. Porque fazer do ouro latão e do latão ouro? Até mesmo os próprios criadores desse sistema único de agregação de massa e disseminação de volátil felicidade duvidam de sua própria qualidade. Duvidam não, têm certeza da “não-qualidade” de seu produto – apostam todas as suas fichas num sistema vicioso de idiotização daquele seu público tão vasto, medíocre. É criada então uma corja de completos irracionais, filhos de ninguém, sem dono, irreverentes, alucinados, alcoólicos, desapegados, violentos, desgarrados, ouvintes da “boa” música. Destrói-se aos poucos o poder cultural de uma nação tão promissora, terra de cantos, encantos e bossa nova, terra de Chicos, Caetanos e Luiz, terra de Vinícius e de Jobins. Tudo isso em sete dias. E no sétimo dia dar-se início a um novo ciclo, um vício. Como câncer, alastra seu teor maligno e condenador pelas adjacências. Fadado está o enfermo. Como câncer, ainda não tem cura. 

Um comentário:

  1. Bom texto, concordo em alguns pontos. Mas acho um pouco pessimista e extremista a sua visão.

    =)
    bjo, babe!

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